6 de mai. de 2013

Análise de desenho para o Curso de Pós Graduação Livre para Pedagogos em Arteterapia

Estagiária: Rosana Fernandes Gonzales Carneiro
Curso: Pós Graduação livre para Pedagogos em Arteterapia
Cliente: S.V.
Idade: 18 anos (inclusão)
Data da finalização do desenho: 14/06/2012




    Farei observações, análise e interpretação do desenho da cliente S.V. a partir da leitura do livro Como interpretar os desenhos das crianças – Nicole Bédard – Editora Isis.
Em primeiro lugar, ao iniciar a leitura do livro, verifiquei que faltou alguns recursos para a cliente executar o desenho.
    Segundo o livro o material oferecido é muito importante, porque a escolha feita pela criança faz parte do processo de analise e interpretação. Deve ser oferecido lápis de cores de diferentes tipos de pontas (fina, média e grossa), aquarelados, giz de cera, etc. O lápis é a principal ferramenta, pois a sua escolha proporcionará indicações sobre o caráter. Pode indicar individuo que prefere conforto e luxo, dificuldade de autoafirmação, adaptação, flexibilidade, inflexibilidade, etc. Assim, como a escolha do lápis, a escolha do formato do papel (pequeno, médio ou grande) poderá revelar como a criança se situa no seu ambiente, sua introversão, extroversão, falta ou excesso de confiança, adaptação, flexibilidade, entre outros. Também a textura e espessura do papel que pode revelar a necessidade de conforto, sensibilidade, emotividade, etc.
    Para S.V. executar o desenho, solicitei como tema a sua casa e família. Ofereci folha de papel sulfite formato A4, 75 gramas, cor branca, lápis grafite e lápis de cores ponta fina.
Segundo a autora, não devemos analisar exaustivamente o desenho e é necessário vários desenhos durante um período, para assegurar a nossa análise inicial.
Os desenhos permite-nos incrementar consideravelmente nossos dados sobre o temperamento, o caráter, a personalidade e as necessidades da criança. Assim, ajuda-nos a descobrir e a reconhecer as diferentes etapas pelas quais atravessa.”
 Nicole Bédard



Céu
    No primeiro atendimento, S.V. iniciou o desenho na parte superior do papel.
    Desenhou e pintou com o lápis de cor amarelo um pequeno sol, completou com lápis grafite duas nuvens, uma de cada lado do Sol e depois as pintou com lápis de cor azul escuro. A parte superior do papel representa a cabeça, o intelecto, imaginação e curiosidade para aprender.
    As nuvens desenhadas com traço contínuo e pintadas de azul representam harmonia e bom tempo. A criança que desenha nuvens é sensível ao ambiente paterno e social.
    O Sol localizado ao centro representa à própria S.V., talvez a desarticulação familiar a faz sentir responsável pelos pais, mas provavelmente ela tem caráter e potencial para enfrentar as situações familiares e sociais.

Corações
    Ainda na parte superior, abaixo do sol e nuvens completou com três corações coladinhos (disse que a mãe a ensinou) e uma borboletinha, usando o lápis grafite e somente os pintou na retomada do desenho no segundo atendimento.
    O coração pintado de vermelho e a pressão empregada na pintura remetem que a S.V. esteja vivendo algum tipo de agressividade, o que faz lembrar-nos das observações sobre o bullying na escola.


Borboleta
    A borboleta representa a vontade de transformação de mudança e a cor rosa (vermelho atenuado pelo Branco) escolhida por S.V. remete a procura pela suavidade e ternura, porém conota a sua vulnerabilidade diante de situações desagradáveis.


Figura Humana

    Do lado esquerdo do papel com lápis grafite e sem pintar, desenhou uma figura humana que a S.V. disse ser a mãe, com o corpo em formato de palito, o rosto incompleto somente com os olhos grandes (sem nariz ou boca) e cabelos longos. No segundo encontro ela coloriu os cabelos de cor de rosa e completou o desenho com o nariz e a boca. O lado esquerdo do papel representa que os pensamentos giram ao redor do passado. Indica sentimentos felizes ou não.
    A figura humana representada como sendo a mãe da S.V, em minha opinião, representa à própria S.V..
    O corpo foi desenhado de maneira excessivamente simplificada (palito) colocando em foco as outras partes do desenho.
    Os braços aparecem caídos e representa falta de vontade de contato social, a falta das mãos indica sentimento de incapacidade de domínio da situação que vive por falta de oportunidade ou por não querer.
    A falta dos pés significa que a S.V se sente incapaz de se mover ou está em busca de estabilidade.
    Os olhos redondos pode ser um indício de medo e a ausência inicial da boca significa que ela preferiu e prefere calar-se. Já no segundo encontro ela desenhou uma boca acentuada e nesse dia estava agitada e falante.
    Os cabelos longos estão pintados da cor de rosa e a figura humana por ser representada do lado esquerdo da folha, remete que lhe agrada a condição de criança, que pretende permanecer nela o tempo que for possível e pode significar dificuldade de aceitar responsabilidades.

Obs. Acrescento que me chamou atenção no desenho da figura humana o prolongamento entre as pernas da figura. Gostaria de confirmar uma possível explicação da fase fálica (complexo de Electra), segundo Freud. Vale lembrar que S.V. cometeu um erro (ela não apagou porque não tínhamos borracha), desenhou errada a primeira representação humana, também com esse mesmo detalhe de prolongamento entre as pernas e não dispensou a folha, simplesmente desenhou ao lado.
    Outro indicio a confirmar seriam as flores.


Casa
    Do lado direto do papel, utilizando ainda o lápis grafite, S.V. desenhou sua casa, esse lado representa esperanças no futuro apesar da parte inferior do papel representar necessidades físicas ou matériais. A figura da casa representa as emoções vividas no ponto de vista social e informa a respeito da abertura ou reclusão no seu mais imediato ambiente.
    O telhado não possui chaminés, sendo que a chaminé e sua fumaça poderiam ter grande significado das emoções que prevalecem no lar. Porém o telhado tem formas geométricas e que carregam um simbolismo. A frente do telhado tem forma triangular com o vértice voltado para cima e pintada de verde, isso indica uma criança de natureza sensível, intuitiva, curiosa e criativa, tem necessidade constante de alimento espiritual. A cor azul que completa o telhado pode indicar uma criança introvertida e que desejaria um pouco de paz.
    A porta indica o tipo de contato com o ambiente, entra-se por ela. A desenhada por S.V. é bem pequena, tem uma maçaneta muito redondinha à direita que foi escondida pela pintura com lápis de cor preta. A porta pequena representa uma criança seletiva, que não se agrada que façam muitas perguntas. Já a cor preta e a maçaneta à direita remete que ela deseja mudanças, porem prefere algo palpável, visível, enfim... a segurança.
    Observa-se através da janela. A criança introvertida desenha um pequeno número de janelas. Na casa, ela desenhou apenas uma janela é uma forma de dizer que ela quer ficar em paz, devemos ter prudência, pois ela não tolera muitos questionamentos e ser vigiada nos seus gestos. Observei isso durante as conversas com ela, ao sentir-se pressionada desiste das atividades ou reclama de cansaço.



Bala e Peixe
    Em seguida completou o desenho com o lápis grafite, colocando ao lado da casinha o desenho de uma bala e um peixinho.
   A bala de cor vermelha remete a mesma explicação dos corações... vivenciando agressividade.
    O peixinho está ligado a uma natureza tranquila, que está feliz em grupo ou sozinha e que não tem opinião e nem respostas para os fatos ao seu redor. Remete a figura Humana inicialmente sem o desenho da boca.

Árvore
    Para a autora a árvore é o mais importante de todos os elementos do desenho, afeta os aspectos emotivos, físico e intelectual.
    “A árvore foi sempre uma parte integrante de história do homem. Sob diferentes nomes, nós a encontramos em todas as religiões: “a árvore da vida”, “a árvore do conhecimento”, “ a árvore do fruto proibido”, etc.”
Nicole Bédard

    A árvore de S.V. foi desenhada centralizada na parte inferior da folha, que indica as necessidades físicas e materiais que a criança pode ter.
Na primeira etapa S.V. desenhou com lápis grafite uma árvore com dois traços contínuos e estreitos representando o tronco e desenhou a copa da árvore com um circulo aplanado na zona direita. No segundo encontro pintou o tronco na cor marrom, dando a ele espessura e tamanho e a copa da árvore pintou de verde e não acrescentou frutos ou flores.
    A base do tronco informa a energia física e a estabilidade no meio-ambiente, no caso de S.V. a base é estreita e isso pode indicar falta de energia, fragilidade na saúde e na superação de problemas, já que as raízes que sustentam a árvore, isso explica a falta de frutos e flores.
    A criança assemelha-se ao tronco que desenha, remete a sua percepção social e o lugar que ela ocupa. O tronco desenhado por S.V. se estreita no desenho sem pintura, isso indica uma pressão angustiosa de si mesmo ou do ambiente. 
    A copa da árvore aparece aplanada na zona direita, isso indica que a criança sente uma sensação de vazio e isso interfere em suas relações sociais externas com o ambiente. Pode apresentar uma personalidade triste e deprimida.
    Na primeira fase do desenho S.V. desenhou e pintou com a mão bem leve e não deixou marcas no verso do papel.
Obs. Análise feita embasada no livro e consultando um site riquíssimo sobre o teste da árvore. http://pt.scribd.com/doc/19792091/Teste-da-Arvore



Flores
    As flores representadas no desenho só foram desenhadas e pintadas no segundo atendimento. Quando a criança desenha flores ela pretende agradar, pois as flores são símbolo do amor. Segundo a autora se isso acontecer de maneira repetitiva ( em outros desenhos) pode ser a aparição do complexo de Édipo (Electra), pois as flores são para atrair a atenção do pai.


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